Projeto de Extensão “Arte do Observar” realiza Live por meio do NAE e NAFRI/DH

Iniciativa da Faculdade Cesmac do Agreste teve o objetivo de chamar a atenção da sociedade em geral, com atenção especial aos professores da rede de ensino, pública e privada, como também da comunidade acadêmica, sobre o “Maio Laranja”

30/06/2021 às 13h41

Com o objetivo de chamar a atenção da sociedade em geral, com atenção especial aos professores da rede de ensino, pública e privada, como também da comunidade acadêmica sobre o “Maio Laranja”, o Projeto de Extensão “Arte do Observar” realizou a primeira live, transmitida pela Plataforma YouTube. O evento foi realizado pela Faculdade Cesmac do Agreste, por meio do Núcleo de Apoio à Extensão (NAE) e Núcleo Afro, Indígena e Direitos Humanos (NAFRI/DH).
A iniciativa teve como tema as principais características e prevenção ao abuso sexual infantil, contando com as seguintes participações: Gilvan Mendonça – Educador; Maxwel Rocha dos Santos – Professor; Camille Wanderley - Psicóloga com formação em Terapia Cognitiva; Larissa Melo - Assistente Social, especialista em Psicologia e Coach com foco em empoderamento feminino, tendo como apoio o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) e o Conselho Tutelar de São José da Tapera.
A Live alcançou como público alunos da Faculdade Cesmac do Agreste, profissionais na rede de ensino, secretarias, Conselho Tutelar e rede de apoio distribuídos nas cidades de Arapiraca, São José da Tapera, Água Branca e Maceió. Na abertura, Priscila Nascimento, diretora da Faculdade Cesmac do Agreste, destacou a importância do desenvolvimento do projeto de extensão e do envolvimento dos acadêmicos com a sociedade, destacando o valor para a formação humana, bem como acadêmica. A importância também foi destacada na fala do Professor Augusto Jatobá, Coordenador do Núcleo de Apoio à Extensão, acrescentando os pontos importantes que um projeto proporciona.
Para o Prof. Maxwel Rocha dos Santos, “é de suma importância discutir o tema, tendo em vista, o notório crescimento de casos de abuso sexual infantil, destacando o período pandêmico em que toda a sociedade ainda vive”. Já o educador Gilvan Mendonça, destacou a necessidade de discutir o tema no meio escolar e principalmente âmbito familiar.
A Psicóloga Camille Wanderley, que também é Coordenadora da Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual-Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (RAVVS), destacou que o abuso sexual faz parte do cotidiano, acontece com tamanha frequência que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o problema de violência sexual infantojuvenil uma pandemia. “Temos uma Rede de Atenção as vítimas de violência sexual, estruturada em 2018 por meio de uma portaria instituída pela Secretaria de Estado, com proposta de enfrentamento e assistência multidisciplinar às vítimas de violência. Além disso, são atores de suma importância para a rede: agentes de saúde, conselheiros tutelares e os professores”, detalhou a convidada.
Camille Wanderley disse ainda: “a maioria das agressões ocorrem no ambiente intrafamiliar e os agressores não são apenas do sexo masculino.  Após um ato de violência, a vítima deve ser orientada a procurar primeiramente a porta da saúde, pois tem um tempo resposta curta para evitar sequelas gravíssimas, tais como uma gravidez indesejada e contaminação com o vírus HIV, em no máximo 72 horas. É preciso estar atento para características que podem identificar uma vítima de violências recorrentes, incluindo automutilação ou até tentativa de suicídio”, reforçou.
Dra. Camille Wanderley também destacou a criação de um aplicativo chamado Fica Bem, lançado em outubro de 2020, desenvolvido por uma aluna do Mestrado Profissional Pesquisa em Saúde (MPPS/Cesmac), em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado. O referido aplicativo possibilita, dentre outros recursos, encontrar quais pontos da rede e em qual local encontrar, telefones de contatos, entre outros.
Segundo a Assistente Social Larissa Melo, “no cenário de pandemia os números de abuso sexual infantil quase triplicaram, apontando como motivo a necessidade de as crianças passarem mais tempo em casa. Essa realidade vem crescendo tanto, que de 2011 a 2019 foram registradas mais de 200 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes, pelo disque Direitos Humanos, sendo, sem sombra de dúvidas, um dado preocupante, pois além do próprio crescimento em se, esse número representa apenas 10% dos casos que são notificados”, revelou.
 O segundo dia do evento debateu sobre “A Atuação do Ministério Público no Combate ao Abuso Sexual Infantil”, com a participação da Dalva Tenório, Promotora de Justiça (MPE/ AL); representando o Núcleo de Apoio à Extensão da Faculdade, a Profa. Ivana Attanasio; e Priscila Nascimento - Diretora da Faculdade Cesmac do Agreste.
A Doutora Dalva Tenório, Promotora de justiça da quinquagésima nona promotoria criminal que atua perante o judiciário na 14º vara criminal, atuando nos crimes contra crianças, adolescentes, idosos, índio, morador de rua, negros LGBTs, se configurando uma vara de vulneráveis. A promotora, frisou que este não é um tema apenas de responsabilidade social, mas também política, destacando a necessidade de creches e escolas básicas em todos os bairros, evitando assim, que os pais deixem os filhos sozinhos com possíveis abusadores.
A Promotora destacou que a sociedade deve ter um olhar atencioso e exigir do Estado políticas públicas. Chamo atenção para o Projeto “COM CRIANÇA NÃO SE BRINCA”, o qual tinha como foco conscientizar adultos trabalhadores da construção civil, em seguida o projeto foi ampliado buscando trabalhar a criança, desenvolvido em escolas, passando a ser chamado de “COM CRIANÇA NÃO SE BRINCA: QUEBRANDO O SILÊNCIO”.
Entre 2015 e 2016 foi feito um programa com foco o adolescente, chamado “FALE EDUCAÇÃO”, desenvolvido conjuntamente com a Promotora Cecilia Carnaúba, junto com outro projeto chamado “DIREITOS HUMANOS EM PAUTA”. A promotora fez alguns relatos do dia a dia da Promotoria diante de casos em que envolvem abuso sexual infantil, destacando a complexidade e sensibilidade por ter como vítimas pessoas vulneráveis e revelou um dado lamentável: “na maioria das vezes o abusador é o provedor e muitos dos casos poderiam ser evitados se toda a sociedade tivesse um olhar de cuidado para com as crianças e adolescentes, pois existem meios de denúncia anônima como o disque 100 e 190, que com uma simples ação pode prevenir ou mudar os rumos de uma tragédia”, alertou.